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  • Foto do escritorSamir Gid

Crítica de Sábado (1995)



O costume é achar que os cronistas são menores. Giorgetti é cronista, cronista dos tempos de Brasil que achamos mornos. A verdade é que o tempo estava para filmes como Sábado (1995).


Todas as cartas estão na mesa, não se explica nada. No entanto, o único defeito do filme é ser óbvio em muitos momentos. O trunfo é criar, quase em silêncio, a colisão da crônica, da peça e do cinema.


Isso acontece por uma salada de mecanismos literários já vistos em filmes, mas não todos de uma vez e em um período de tempo tão curto. Um narrador, os pensamentos de Magda, a irreverência e o mistério da crônica, a liberdade do palco costurados pelo microcosmos de Nashville (1975) (exclusivo da 7ª).


A sensação é que o filme dá passos maiores do que a perna para chegar a lugar nenhum. Tudo bem, é condizente, chegaremos lá.


Antes é preciso dizer que em Sábado transcendemos o palco cinematográfico - Festa (1989), O Pagador de Promessas (1964), que o filme poderia facilmente se tornar. Mas vem à tona a jornada, o movimento e novos núcleos que os diferenciam narrativamente, isto é, com o corte, criando andares, dando verticalidade ao filme.


Desta verticalidade, o fluxo de informações e a convergência de projeções de personagens é enlouquecedora e ao mesmo tempo de desesperança. Servem-nos a cabeça da pauliceia desvairada em uma bandeja. Aí terei que falar do Edifício das Américas e o elevador.


É uma metáfora clara, ok, ok. Mas é surpreendente como suas escadas são de tirar o fôlego. Ali tem projeto de país, ali tem sonho que não quer ser dito. As esperanças são mais degrais, feitos para subir, descer, subir, descer. O totalitarismo está morto mas Décio ainda está em asilo. A tropicália enterra seu maior inimigo sem saber, vai pra casa, dorme. Amanhã é um novo dia em SP.


Sim, o Brasil está exausto, o que merecia uma boa exposição ficou nos anos 70 a ver navios. E o que sobra para o século XXI são estereótipos e sacadas como Winter, elevadores (ascensores) em mal funcionamento e nazistas dançando.


Uma boa crônica para ler no jornal.

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